sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Mais de 25 mil pessoas comparecem ao SemiáridoShow 2011


Eles chegam de vários cantos do Semiárido brasileiro. Trazem expectativas, perguntas e a esperança de tornar as suas pequenas propriedades mais produtivas e sustentáveis. O SemiáridoShow 2011, realizado em Petrolina (PE) entre os dias 22 e 25 de agosto, atraiu mais de 25 mil agricultores familiares, estudantes, técnicos da extensão rural para cursos, prosas, tecnologias, e para perceber que o sertão tem tudo que se precisa, e o que faltar a gente inventa, como traz no seu slogan a Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira da Bahia (APAEB).

Com a consciência de quem já que sabe que é bem mais saudável ter cultivos livres de agroquímicos, Dona Francisca Lopes da Silva, moradora de Nascente, distrito da Araripina, município pernambucano, espera que cada vez mais famílias adotem práticas sustentáveis de produção agrícola porque, explica a sertaneja, “a gente pode criar e plantar sem agrotóxicos”.

Eles são primos, vizinhos e vieram juntos para o SemiáridoShow 2011. Os jovens Necivaldo Miguel (22), e Edmilson Silva Araújo (20) saíram de Glória, na Bahia, e gostaram de aprender com a Feira diferentes formas de manejo. “Gostamos de ver as formas de cultivo, o sistema agrosilvopastoril, que ao mesmo tempo que você planta o milho, pode cultivar o capim. Aí, quando o milho for colhido, já tem o alimento para os animais”, explicam.

A dona Maria de Lurdes Caldas, do Assentamento Rio Pontal, em Petrolina, veio ao SemiáridoShow com mais 17 pessoas de sua comunidade. Com sorriso no rosto, declara: “Eu gostei de tudo, não sei dizer o que mais gostei porque é muita coisa bonita e boa para o agricultor. É muito bom”.

Já o agricultor Antônio Rodriguez encarou doze horas de viagem para chegar ao SemiáridoShow. Veio de Lagoa Seca, povoado de Campina Grande, na Paraíba. Esteve presente em três dos quatro dias de evento, sempre perguntando, conversando com pesquisadores, trocando informações com outros agricultores, conta ele. Antônio só reclama do tempo que esteve no evento. “Três dias não foram o suficiente para a gente ver tudo”, revela.

Além das caravanas das famílias agricultoras, diferentes organizações não governamentais e associações de produtores que trabalham com economia solidária e comércio justo também participaram, e enriqueceram a Feira com os sabores do Semiárido. De Valente, na Bahia, onde fica a sede da APAEB, vieram os derivados do leite de cabra que a Associação produz: queijo, iogurte e doce de leite.

O representante da Associação, Nelilton de Oliveira, responsável pela comercialização dos produtos da APAEB no SemiáridoShow, diz que a Feira foi uma ótima oportunidade para troca de experiências, e aproveita para explicar que “o leite de cabra é rico em tudo, só é pobre em gordura. É o único alimento recomendado por médicos para substituir o leite materno, caso seja necessário”.

Contato:
José Nilton Moreira – Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia;
chtt@cpatsa.embrapa.br

João Marques – jornalista;comunic.aguadoce@cpatsa.embapa.br

Fernanda Birolo – jornalista;fernanda.birolo@cpatsa.embrapa.br

Marcelino Ribeiro – jornalista;marcelrn@cpatsa.embrapa.br

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Projeto incentiva a produção sustentável de pequenas propriedades rurais


Com o objetivo de otimizar o uso da água para a produção de hortaliças e criação de aves, o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA) apresenta no SemiáridoShow, a Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (P.A.I.S.). Trata-se de um sistema voltado para os pequenos agricultores e agricultoras que buscam melhor aproveitamento do espaço das suas propriedades.

O P.A.I.S. é um pequeno sistema agrícola formado por três círculos, um no interior do outro. No menor, é colocado um espaço cercado onde o agricultor pode criar galinhas ou patos. Ao redor desse núcleo, existem pequenas faixas de terra organizadas de forma circular, onde hortaliças como alface são plantadas. Para proteger esse cultivo, é instalada uma pequena plantação de milho ao redor. “Dessa forma, diminui a ação do vento, que inclusive traz algumas pragas”, explica Paulo César de Jesus, técnico agrícola do IRPAA.

O sistema é bem simples. Usa-se uma mangueira com pequenos furos em que são colocados cotonetes. A água que circula pela mangueira é utilizada de forma a disponibilizar para as plantas somente o necessário. Segundo Paulo, material seco, principalmente capim, é colocado na terra para mantê-la molhada e evitar muita evaporação. “É um processo completo. Com os restos da colheita, os agricultores e agricultoras podem alimentar os animais que estão no círculo central. O esterco das galinhas ou patos serve para adubar os canteiros, e assim continua o ciclo”, finalizou.

O P.A.I.S. tem como parceiros o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), instituições de pesquisa e organizações não-governamentais, e está exposto na área de campo do SemiáridoShow.
 

Mais informações:
O SemiáridoShow 2011 acontece de 22 a 25 de Agosto no Escritório de Petrolina da Embrapa Transferência de Tecnologia, localizado na BR-122, Km 50 (BR-428, km 148). A feira estará aberta ao público das 8h às 17h30 e a entrada é gratuita. O evento é uma realização da Embrapa e do IRPAA.

Contatos:
Laércio Lucas – Agência Multiciências;
lacanlucas@hotmail.com

Fernanda Birolo – jornalista;
Fernanda.birolo@cpatsa.embrapa.br

Marcelino Ribeiro – jornalista;
marcelrn@cpatsa.embrapa.br

Embrapa Semiárido – (87) 3862 1711

IRPAA – (74) 3611 6481

Crianças aprendem a pintar usando tintas feitas com o solo


As crianças tiveram um espaço só para elas no SemiáridoShow 2011. Alegres e descontraídos, os pequenos participaram do minicurso “Pintura com Solos do Semiárido”, com os pesquisadores Maria Sonia Lopes da Silva e André Júlio do Amaral, ambos da Embrapa Solos, e de Tony Jarbas Ferreira Cunha, da Embrapa Semiárido.


Mesmo estando bastante ansiosos para o início das pinturas, a garotada, com faixa etária entre 4 e 13 anos, ouvia atenta às explicações descontraídas de Tony Jarbas sobre os diferentes tipos de solo, como eles se formam, as variadas colorações, suas utilizações e os cuidados para não degradá-lo. “De forma recreativa, a gente acaba envolvendo as crianças com o tema e elas aprendem o tanto de potencialidades que o solo tem", explica Tony.

Depois dos ensinamentos teóricos, chegou a hora que os meninos e as meninas mais aguardavam: pintar, utilizando as tintas produzidas com a mistura de solo, água e cola.

O pequeno Mateus, de 8 anos, estava maravilhado com a nova brincadeira. Sem nunca ter experimentado tinta de solo, caprichava no desenho, descrito por ele como “casa cor de barro”. Ao lado de Mateus, Denival, de 10 anos, contou que já havia feito algo daquele tipo na escola. Em seu desenho havia espaço para o rio, o solo, casa, as nuvens e o sol.

Acompanhando as crianças, a professora Tatiane de Souza, da Escola Municipal Mansueto de Lavor, em Petrolina, analisou a importância de espaços como esse para o desenvolvimento dos alunos. “Esse evento fortalece tudo aquilo que a gente vem ensinando em sala de aula sobre convivência com o meio ambiente. Como eles são filhos de agricultores, podem ensinar para os pais o que viram e aprenderam aqui”.

Troca de saberes

Outro espaço também explorado pelo grupo foi o “Umbuzeiro do Conhecimento”, uma demonstração simbólica feita pelo IRPAA com a intenção de trazer reflexões acerca da importância da educação contextualizada e dos demais elementos necessários para a consolidação da proposta de Convivência com o Semiárido.

Caravanas de outras escolas, a exemplo de municípios como Sobradinho, Juazeiro, Curaçá e Uauá, na Bahia, também estão participando da Feira. Estudantes de nível fundamental e médio, cursos técnicos e profissionalizantes, universitários e professores tem aproveitado o espaço de visitação e os mini-cursos para fortalecer a construção coletiva do conhecimento, lições que estão levando para serem compartilhadas.

Participam da feira as seguintes unidades da Embrapa: Semiárido, Caprinos e Ovinos, Algodão, Mandioca e Fruticultura Tropical, Agrobiologia, Transferência de Tecnologia, Tabuleiros Costeiros, Informação Tecnológica, Meio Norte, Agroindústria Tropical, Informática Agropecuária, Milho e Sorgo, Solos – UEP Recife e Agroindústria de Alimentos.

O SemiáridoShow 2011 é uma organização da Embrapa juntamente com o Irpaa. Nesta quinta-feira acontece o último dia do evento e alguns dos destaques será o debate sobre Educação Ambiental e Recaatingamento, além de discussões sobre Água e Segurança Alimentar e Politicas Pública para a Agricultura Familiar. A feira fica aberta ao público das 08:00h as 17:30h.

Mais informações:

O SemiáridoShow 2011 acontece de 22 a 25 de Agosto no Escritório de Petrolina da Embrapa Transferência de Tecnologia, localizado na BR-122, Km 50 (BR-428, km 148). A feira estará aberta ao público das 8h às 17h30 e a entrada é gratuita. O evento é uma realização da Embrapa e do IRPAA.

Contatos:

Maria Sonia Lopes – pesquisadora;

sonia@uep.cnps.embrapa.br


Tony Jarbas Ferreira Cunha;

toni@cpatsa.embrapa.br


Emerson Rocha – Agência Multiciência;

nosreme10@hotmail.com>

Alinne Torres – IRPAA;

comunicacao@irpaa.org


Fernanda Birolo – jornalista;

fernanda.birolo@cpatsa.embrapa.br


Marcelino Ribeiro – jornalista;

marcelrn@cpatsa.embrapa.br


Embrapa Semiárido – (87) 3862 1711

Cultivo do maracujá do mato pode gerar renda para os produtores do semiárido



Tendências de mercado como o consumo de produtos naturais e de sabor exótico tornam o maracujá-do-mato (Passiflora cincinnata Mast.) alternativa de cultivo para a agricultura familiar. Capaz de produzir bem no ambiente quente e seco, e nos mais diversos tipos de solo da região, esta frutífera nativa ganhou uma área de demonstração na Feira SemiáridoShow.

Para o pesquisador Francisco Pinheiro de Araújo, da Embrapa Semiárido, é de espécies com estas características que os pequenos produtores das áreas rurais do Nordeste podem vir a constituir uma estratégia comercial importante: com base nos recursos vegetais da região, desenvolver uma fruticultura em condições de sequeiro.


Atualmente, o aproveitamento da espécie é marcado pelo extrativismo e a subsistência. Mas, afirma Pinheiro Araújo, a fruta tem potencial para se valorizar no mercado, de forma particular se integrada às atividades de pequenas indústrias de beneficiamento e processamento dos frutos em doces, geleias, mousse e sucos.


A experiência de processamento dessa fruta pela Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) gera renda para 350 famílias associadas e contribui para fortalecer a agricultura familiar da região. Parte do produto processado na forma de geleia é exportada para Alemanha e Itália, e também é consumida na merenda escolar dos municípios onde é produzido, na Bahia.


A fruta nativa, recentemente, foi incluída no catálogo mundial (Arca do Gosto) dos produtos agroalimentares de qualidade que estão em risco de desaparecer, realizado pela Fundação Slow Food para a Biodiversidade. Para ser incluída na Arca, o alimento precisa ter qualidades gastronômicas, ligação com a área geográfica local, ser produzido artesanalmente e de forma sustentável.


A Arca do Gosto descreve o maracujá-do-mato como “um fruto nativo da Caatinga onde ocorre de forma espontânea. O fruto é extremamente saboroso e perfumado, com um sabor persistente, mais doce, mais denso e mais ácido que o do maracujá comum (P. edulis). Tanto o gosto quanto o perfume recordam o mel”.


É um produto diferenciado, de sabor bastante característico em relação ao maracujá amarelo, explica o pesquisador.


No estande da Embrapa na Feira SemiáridoShow, são distribuídos materiais de divulgação (folders) que explicam aos agricultores rurais as potencialidades nutritivas e esclarecem sobre os processos de beneficiamento agroindustrial do fruto.


“A intenção é apresentar ao agricultor o potencial agronômico e econômico que essa espécie nativa da caatinga possui”, garante o pesquisador Francisco Pinheiro de Araujo,


O Nordeste apresenta uma grande variedade de plantas frutíferas, de sabores exóticos, de grande apelo entre as principais tendências atuais de consumo de produtos naturais. O maracujá-do-mato se enquadra nesta tendência, tornando-se uma importante alternativa de cultivo sustentável para o agricultor familiar.


Participam da feira as seguintes unidades da Embrapa: Semiárido, Caprinos e Ovinos, Algodão, Mandioca e Fruticultura Tropical, Agrobiologia, Transferência de Tecnologia, Tabuleiros Costeiros, Informação Tecnológica, Meio Norte, Agroindústria Tropical, Informática Agropecuária, Milho e Sorgo, Solos – UEP Recife e Agroindústria de Alimentos.


Mais informações:

O SemiáridoShow 2011 acontece de 22 a 25 de Agosto no Escritório de Petrolina da Embrapa Transferência de Tecnologia, localizado na BR-122, Km 50 (BR-428, km 148). A feira estará aberta ao público das 8h às 17h30 e a entrada é gratuita. O evento é uma realização da Embrapa e do IRPAA.


Contato:

Francisco Pinheiro de Araújo – pesquisador;

pinheiro@cpatsa.embrapa.br


Karine Nascimento – Agência Multiciência;

karine_bnascimento@hotmail.com


Fernanda Birolo – jornalista;

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Embrapa Semiárido – (87) 3862 1711

Polinização manual livra melancia crioula de genes de variedade forrageira


No Semiárido brasileiro, é tradicional em grande número de pequenas propriedades o plantio das melancias, chamadas popularmente de crioulas, que são próprias para o consumo das famílias dos agricultores. Contudo, a recente expansão do cultivo de melancia forrageira nessas mesmas áreas, para compor a base de alimentação dos rebanhos na seca, está criando um sério problema genético.


De acordo com a pesquisadora Rita de Cássia Souza Dias, a atividade polinizadora de insetos como as abelhas nas flores dos dois cultivos acabam levando genes dominantes das forrageiras para as crioulas. O resultado é a geração de frutos híbridos com características próprias das melancias destinadas ao consumo dos animais: de casca amarelada, polpas mais amargas e duras.

Segundo Rita Dias, esta alteração é cada vez mais comum, principalmente por causa dos cultivos numa mesma área dos dois tipos de melancia, e foi apontada a ela pelos próprios agricultores. As sementes que retiravam da primeira colheita das cultivares que consumiam, ao usar em novo plantio, produziam frutos híbridos com características próprias das melancias destinadas aos animais.

Na Feira SemiáridoShow, a pesquisadora apresenta uma solução que é simples, barata e acessível aos agricultores para evitar a contaminação genética entre as variedades. Ela e sua equipe estão demonstrando um modo de fazer uma polinização manual controlada, que já usa em suas pesquisas e foi adaptada para o sistema produtivo agroecológico. O objetivo é manter as sementes da melancia crioula livres da influência de características forrageiras.

O método é simples: o agricultor fixa uma garrafa pet cortada ao meio e com pequenos furos no fundo do vasilhame, a uma pequena estaca; depois, o agricultor cobre as flores masculinas e femininas das melancias crioulas com esse objeto. A pesquisadora afirma que ele deve proceder assim um dia antes da abertura delas, o que acontece até 32 dias depois do plantio.

No dia seguinte, quando as flores se abrem, o agricultor retira com as mãos a flor que fornece o pólen e encosta levemente nas pétalas femininas. Após isso, torna a cobrir por mais dois dias a flor geradora do fruto, cuja base é mais arredondada.

Rita de Cássia explica que o agricultor pode aplicar esse mecanismo em até dez pares de flores. Assim, no próximo plantio, terá sementes livres da influência de genes forrageiros.

“Se métodos como esse não forem aplicados, corre-se o risco das famílias se obrigarem a recorrer às variedades comerciais das melancias de mesa, mais exigentes de adubos e insumos químicos que encarecem a produção”, observa a pesquisadora.

Características - A melancia forrageira, de nome científico Citrullus lanatus var. citroides, também conhecida como melancia de cavalo ou melancia de porco, apresenta grande resistência à seca e é facilmente cultivada e bem aceita pelos ruminantes. “Pode-se colher até 20 toneladas por hectare”, informa o zootecnista e pesquisador da Embrapa, Gherman de Araújo.

A melancia de mesa, Citrullus lanatus, é uma fruta rica em sais minerais como fósforo, ferro e cálcio, além de fonte de vitaminas dos complexos B, A e C. Devido à grande quantidade de água, atua como um bom diurético no corpo humano.

Contatos:

Rita de Cássia Souza Dias – pesquisadora;

ritadias@cpatsa.embrapa.br


João Marques – jornalista;

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

“Prosa Sertaneja” valoriza o saber popular no SemiáridoShow 2011


 
Sentados em círculo, igual fazem na roça, com os olhos e ouvidos atentos à fala dos companheiros, agricultores e agricultoras participaram da “Prosa Sertaneja”, promovida pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária (IRPAA) na Feira SemiáridoShow. Sem a presença de profissionais de empresa pública ou privada, o espaço tem o objetivo de proporcionar a troca de saberes e experiências entre os sertanejos.

Durante as conversas, foram tratados temas como o recaatingamento, o uso das cisternas, enriquecimento de frutas nativas da região, educação contextualizada para o Semiárido, entre outros.

Como em toda prosa, não faltaram os causos curiosos, como os do agricultor Alcides Peixinho do Nascimento, da comunidade de Ouricuri, no município de Uauá – BA. Adepto do uso de técnicas voltadas para o melhor aproveitamento da Caatinga, seu Alcides conta que quando começou a plantar espécies nativas, como a Palma e Coroa de Frade, foi chamado de louco pelos vizinhos. Com o decorrer do tempo e o sucesso obtido nas suas terras, passou de louco a professor. Hoje, a propriedade de seu Alcides é referência na sua região e vez por outra recebe visita de escolas locais.

A nova aventura do sertanejo de Uauá é o plantio de banana sem o uso de irrigação artificial. “Só molha quando chove. Até agora está dando certo”, compartilhou Alcides com os colegas, que ouviam atentos e cheios de admiração.

Poeta, Alcides brinca com o clima da região e costuma dizer que “Deus deixou a seca para o sertanejo descansar”. Profundo conhecedor do sertão, o agricultor explica sua teoria: “Desde quando o produtor começa a juntar o alimento para os animais, cuidar da terra e das plantas, e ele tem o alimento armazenado, na época da seca ele vai descansar porque já tem tudo guardado”.

Com a voz mansa, carregada com o sotaque típico do sertão, dona Judite foi mais uma a compartilhar suas vivências com o Semiárido. Umas das fundadoras da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), que trabalha com o beneficiamento de frutas nativas, a sertaneja ensinou como fazer uma geléia de maracujá, e aproveitou para encorajar os companheiros. “A gente começou com a Coopercuc trabalhando na cozinha de casa. Se vocês quiserem podem fazer também”, incentiva.

Em busca de novos conhecimentos, a jovem de 16 anos, Cleonice Ferreira dos Santos, foi ouvir os ensinamentos dos mais velhos, para aplicar na horta que está sendo implantada na escola em que estuda, em Uauá. Filha de produtores rurais, a garota elogia a Prosa Sertaneja e diz que levará os ensinamentos também para casa. “Um espaço como esse é importante para que os jovens ganhem mais conhecimentos e não queiram sair da sua comunidade. Tudo que se aprende é muito importante, vou ensinar o que aprendi aqui aos meus pais”, garante Cleonice.

Mais informações:

O SemiáridoShow 2011 acontece de 22 a 25 de Agosto no Escritório de Petrolina da Embrapa Transferência de Tecnologia, localizado na BR-122, Km 50 (BR-428, km 148). A feira estará aberta ao público das 8h às 17h30 e a entrada é gratuita. O evento é uma realização da Embrapa e do IRPAA.


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Emerson Rocha – Agência Multiciência;

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Embrapa Semiárido – (87) 3862 1711

IRPAA - (74) 3611 6481 

Adequada nutrição mineral aumenta produtividade do feijão de corda e a rentabilidade do produtor



O feijão de corda, também chamado de feijão-caupi ou feijão macassa, é a principal fonte de proteínas para muitos dos agricultores e agricultoras do sertão nordestino. Na Feira SemiáridoShow, pesquisadores da Embrapa tratam em um minicurso de aspecto importante do plantio dessa leguminosa e que pode repercutir no aumento da produção: a nutrição mineral do solo.

Nessa região, os plantios desse feijão nas áreas dependentes de chuva ocorrem basicamente em pequenas propriedades, que possuem escassos recursos tecnológicos. Por isso, registram baixas produtividades em relação às outras áreas de cultivo do país.

No Centro-Oeste, por exemplo, as colheitas, em média, alcançam 1000 kg/ha. É quase o triplo das que são obtidas atualmente nas áreas rurais do Nordeste: 400 kg/ha. Para os pesquisadores da Embrapa Semiárido Saulo de Tarso Aidar, Magnus Dall’igna Deon e Paulo Ivan Fernandes Júnior, a adoção de práticas simples e de baixo custo podem repercutir em aumentos significativos na produtividade da cultura.

No minicurso, os pesquisadores explicam de forma didática o passo a passo para os agricultores deixarem a terra em condições de produzir uma boa colheita.

Saulo afirma que a carência de nutrientes no solo tem várias implicações no desenvolvimento das plantas. Se falta fósforo, por exemplo, o pé de feijão como um todo não cresce e há pouca produção de grãos. Na ausência de cálcio as folhas novas podem se tornar grossas, quebradiças e encurvadas, além de diminuir o crescimento e, em casos extremos, ocorrer a morte do broto terminal impedindo que a planta chegue a florescer.

No caso do nitrogênio, os agricultores podem dispensar o uso de adubo químico e usar os recursos naturais dessa espécie de leguminosa: a fixação biológica do nitrogênio (FBN). O feijão-caupi é capaz de se associar a bactérias do solo que captam o nitrogênio atmosférico e fornecem às plantas. Essas bactérias, chamadas de rizóbios, estão em pequenas estruturas arredondadas nas raízes das plantas, denominadas nódulos.

Esse processo ocorre graças a bactérias nativas que são encontradas no solo. Porém, pode ser potencializado por meio do fornecimento desses microorganismos no momento do plantio, através da aplicação de inoculantes.

Segundo Paulo Ivan, a inoculação do feijão-caupi no Semiárido é capaz de substituir a adubação nitrogenada de até 80 kg ha-1, na forma de uréia, e aumentar a produtividade e o rendimento de grãos do feijão-caupi em mais de 30%, reduzindo os custos de produção.

Para Magnus, é importante o agricultor saber da disponibilidade desses elementos no seu solo. Do equilíbrio entre os chamados macronutrientes (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre), e os micronutrientes (boro, cloro, cobre, ferro, manganês, molibdênio, níquel e zinco), é que ele vai poder ter a chance de obter altas produtividades. E isto se consegue fazendo a análise adequada e criteriosa do terreno onde o feijão vai ser cultivado.

Participam da feira as seguintes unidades da Embrapa: Semiárido, Caprinos e Ovinos, Algodão, Mandioca e Fruticultura Tropical, Agrobiologia, Transferência de Tecnologia, Tabuleiros Costeiros, Informação Tecnológica, Meio Norte, Agroindústria Tropical, Informática Agropecuária, Milho e Sorgo, Solos – UEP Recife e Agroindústria de Alimentos.

Mais informações:
O SemiáridoShow 2011 acontece de 22 a 25 de Agosto no Escritório de Petrolina da Embrapa Transferência de Tecnologia, localizado na BR-122, Km 50 (BR-428, km 148). A feira estará aberta ao público das 8h às 17h30 e a entrada é gratuita. O evento é uma realização da Embrapa e do IRPAA.

Contatos:
Magnus Dall’igna Deon
magnus.deon@cpatsa.embrapa.br

Saulo Aidar
saulo.aidar@cpatsa.embrapa.br

Paulo Ivan Fernandes Junior
paulo.ivan@cpatsa.embrapa.br

Laercio Lucas – Agência Multicência;
lacanlucas@hotmail.com

Fernanda Birolo – jornalista;
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Marcelino – jornalista;
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Embrapa Semiárido – (87) 3862 1711